Coluna do Zé
Agora, com a imprensa é de ‘sine qua non’ importância a
parceria, talvez por isso o rótulo de quarto poder.
Desde os tempos da tipografia e do clichê, quando entrei no mundo das letras,
entendo que a imprensa atua, preponderantemente, como interlocutora, e quiçá
mediadora no relacionamento dos poderes com a população, informando e até
produzindo noticias, que podem ser ‘in natura’, ‘amena e branda’, ‘curta, seca
e grossa’, ‘sensacionalista’ e até ‘construtiva’ ou ‘destrutiva’, entre outras
formas.
Mormente em tempo de globalização, o poder que descarta a imprensa, expõe-se,
sem reservas, até às avessas. Isto porque um fato coadjuvante pode ser
transformado em protagonista da história e vice e versa.
A imprensa quando trabalha em parceria, não significa que trabalha com olhos
vedados para o exercício da má conduta, apenas interage entre as partes
informando o fato, sua motivação e solução.
Também este escriba costuma dizer que não existe imprensa independente e sim
imparcial.
A independente apenas sub existe porque não conta com receitas públicas e fica
à mercê da iniciativa privada, que em maioria tem governos como cliente, de
onde podem originar a orientação de descaso.
Por esta razão os veículos de comunicação submetem-se a recebimentos com
atrasos e quando o cinto aperta, por demais, espetam e batem, em prol da
quitação. Um vicio comum em todo o país, desde os governos municipais,
estaduais e federal.
Agora a imparcialidade existe quando sobrevive-se às ameaças físicas e morais e
aos boicotes comerciais. Neste caso a parceria dita o formato, o volume e a
intensidade do fato informado.
Por fim, sem hipocrisia e demagogia, asseguro que toda forma de parceria é
saudável porque ao mesmo tempo em que destaca, exalta e enaltece, também
abranda, ameniza e até descaracteriza.
Jornalista José Carlos de Almeida
“O Ano só começa depois do Carnaval”, dizem os conservadores, acomodados ou os proteladores.
Um dito popular decanta que ‘O ano só começa depois do Carnaval’, quem sabe por que quando o Carnaval passa, saem as máscaras e entram as fantasias.
Com a ressaca das festas de fim de ano, férias letivas, forenses, parlamentares e trabalhistas de uma forma geral, corroboram para um inicio de ano improdutivo, inoperante e até inerte. Quase nada se faz, nada se constrói e apenas se espera o Carnaval chegar. Por isso a máxima ‘O ano só começa... depois do Carnaval’.
A data flexível, ansiosamente aguardada pela maioria dos brasileiros, funciona como uma explosão de emoções dos humanos, expelindo o estresse, a opressão e o extravaso, expressos ou latentes, acumulados durante o ano que passou.
É possível existir pesquisa que ateste o exposto e compare a performance do primeiro para os demais meses do ano. Vale à pena refletir e conferir para poder tolerar o vazio até o Carnaval chegar.
Como é sabido, a maior festa popular do mundo caracteriza-se pela descontração, irreverência e diversão, fazendo com que os foliões se libertem das cordas que os prendem durante o resto do ano.
O Carnaval é um grande negócio. Na verdade trata-se de um evento de grande valor sociocultural, quando milhões de pessoas gastam suas economias, enquanto também milhares faturam muita grana.
No ‘País do Carnaval’, o período entre as comemorações de Natal/Ano Novo e o Carnaval é conhecido por uma fase de lazer e comemoração, que coincide com férias escolares, o recesso do Judiciário e do Congresso Nacional, além da série de pontos facultativos, deixando a sensação de que janeiro e fevereiro são meses praticamente parados. É preciso resistir para não deixar-se contaminar com o recesso e parar a própria vida.
Não é por acaso que todos temos a sensação de que "o ano só começa depois do Carnaval", conforme dito popular sob julgo dos proteladores, conservadores ou acomodados
A origem da palavra Carnaval vem do latim ‘carnis valles’ (prazeres da carne), cultura milenar, quando as pessoas esbaldavam-se nos quatro dias que antecedem a ‘Quaresma’, para compensar o período de 40 dias de jejum guardados pelos cristãos.
Porém, o gosto carnavalesco não invade todos os espíritos, todos os bolsos e todas as ruas. Para alguns o Carnaval é uma armadilha para o mal, uma licença para o pecado e até um ambiente de drogas, justificando uma despedida dos prazeres da carne. Cada folião curte o Carnaval da forma que lhe apetece, inclusive não participando dele.
Mas, quem acredita/ou não, que o ano só começa depois do Carnaval, que guarde para si, pois é absolutamente importante garantir a liberdade e a escolha de cada um, até porque, segundo a psicanalista Juliane Kravetz, “Algumas pessoas também precisam de artifícios para começar o que realmente importa e usam o Carnaval como desculpa para adiar seus compromissos”.
Não dá para esperar o momento perfeito para retomar a rotina ou começar uma mudança. A coach Juliana Paes Garcia enfatiza que, “Se você sempre esperar o momento perfeito, o Carnaval passar, o ano começar, o Brasil sair da crise, estará terceirizando a chance de felicidade a fatores externos a você”.
Portanto, vamos lá: começando ou dando continuidade ao ano, a vida continua e nada espera pra depois, porque o depois é agora.
Por Jornalista José Carlos de Almeida
Neste último sábado, 7 de dezembro, completam exatos 36 anos que a então Miracema do Norte foi escolhida para ser capital provisória do novo estado da Federação, criado pela Constituição Brasileira de 5 de outubro daquele ano (1988).
Na época, o então deputado federal por Goiás, José Wilson Siqueira Campos, juntamente com diversos movimentos separatistas, lograram êxito na divisão do Estado de Goiás, transformando o Norte daquele estado em Tocantins.
Aprovada a existência geográfica do Estado do Tocantins, ele precisava nascer fisicamente e para tal, necessitava de uma mãe e um berço.
Entre as pretensões dos dois extremos mais desenvolvidos na época - Gurupi e Araguaína - sombreados pela centenária Porto Nacional, na região central do novo estado, estava a ‘pacata cidade de Miracema do Norte’, terra amada do melhor amigo do ‘velho timoneiro’, Siqueira Campos, o médigo Raimundo 'Boi' Pires dos Santos.
O ‘timoneiro’ que chegou a fazer greve de fome pela criação do Tocantins, presumidamente deve ter cantarolado a canção do ‘Rei’ Roberto Carlos, feita onze anos antes para seu melhor amigo Erasmo Carlos: “Você meu amigo de fé meu irmão camarada (...)”.
No histórico dia 7 de dezembro de 1988, José, o Siqueira, escolheu... e José, o Sarney, atendeu: Miracema foi escolhida como primeira capital do novo estado, passando a partir de então, ter o sobrenome, ‘do Tocantins’.
Naquele comemorado dia 7, hoje desrespeitado pelos governos, a pacata Miracema viveu dias de festa recepcionando os ‘chegantes’ que cantarolavam a música que Evandro Mesquita (Banda Blitz) compôs e lançou cinco antes (1983): A Dois Passos do Paraíso’.
Foram somente doze meses (1º de janeiro a 31 de dezembro de 1989) de glória, esperança e felicidade limitada. Fatos misteriosos fizeram com que uma ‘provisoriedade’, quem sabe, de 3 a 5 anos, durasse apenas um.
Em 1º de janeiro de 1989, cidade e seu povo se sentiram traídos, simbolicamente como um filho sendo arrancado da mãe, arrastado de seu berço até uma região ainda estranha, repleta de barracões inacabados e edificados apressadamente, chamada de Palmas.
Com a perda, prematura talvez, do tempo justo de ser capital, Miracema do Tocantins sofreu a troca do orgulho pelo dissabor, do respeito pela traição, da esperança pela desconfiança e teve seu amor próprio ferido de morte.
Portando, com intuito de amenizar a dor pelos males causados à primeira capital, o Estado promulgou os artigos 161º da Constituição do Tocantins e o 2º do Regimento Interno da Casa de Leis (Assembleia Legislativa do Tocantins), que determinam a elevação do município à condição de capital a cada ano, tornando Miracema do Tocantins, 'Capital por um dia' todo dia 7 de dezembro, sediando os Três Poderes Estaduais (Executivo, Legilstivo e Judiciário).
Passadas mais de três décadas que Miracema do Tocantins passou à condição de ex-capital, mais uma vez, a data constitucional foi desrespeita, mais uma vez.
Neste último sábado, 7 de dezembro, completam exatos 36 anos que a então Miracema do Norte foi escolhida para ser capital provisória do novo estado da Federação, criado pela Constituição Brasileira de 5 de outubro daquele ano (1988).
Na época, o então deputado federal por Goiás, José Wilson Siqueira Campos, juntamente com diversos movimentos separatistas, lograram êxito na divisão do Estado de Goiás, transformando o Norte daquele estado em Tocantins.
Aprovada a existência geográfica do Estado do Tocantins, ele precisava nascer fisicamente e para tal, necessitava de uma mãe e um berço.
Entre as pretensões dos dois extremos mais desenvolvidos na época - Gurupi e Araguaína - sombreados pela centenária Porto Nacional, na região central do novo estado, estava a ‘pacata cidade de Miracema do Norte’, terra amada do melhor amigo do ‘velho timoneiro’, Siqueira Campos, o médigo Raimundo 'Boi' Pires dos Santos.
O ‘timoneiro’ que chegou a fazer greve de fome pela criação do Tocantins, presumidamente deve ter cantarolado a canção do ‘Rei’ Roberto Carlos, feita onze anos antes para seu melhor amigo Erasmo Carlos: “Você meu amigo de fé meu irmão camarada (...)”.
No histórico dia 7 de dezembro de 1988, José, o Siqueira, escolheu... e José, o Sarney, atendeu: Miracema foi escolhida como primeira capital do novo estado, passando a partir de então, ter o sobrenome, ‘do Tocantins’.
Naquele comemorado dia 7, hoje desrespeitado pelos governos, a pacata Miracema viveu dias de festa recepcionando os ‘chegantes’ que cantarolavam a música que Evandro Mesquita (Banda Blitz) compôs e lançou cinco antes (1983): A Dois Passos do Paraíso’.
Foram somente doze meses (1º de janeiro a 31 de dezembro de 1989) de glória, esperança e felicidade limitada. Fatos misteriosos fizeram com que uma ‘provisoriedade’, quem sabe, de 3 a 5 anos, durasse apenas um.
Em 1º de janeiro de 1989, cidade e seu povo se sentiram traídos, simbolicamente como um filho sendo arrancado da mãe, arrastado de seu berço até uma região ainda estranha, repleta de barracões inacabados e edificados apressadamente, chamada de Palmas.
Com a perda, prematura talvez, do tempo justo de ser capital, Miracema do Tocantins sofreu a troca do orgulho pelo dissabor, do respeito pela traição, da esperança pela desconfiança e teve seu amor próprio ferido de morte.
Portando, com intuito de amenizar a dor pelos males causados à primeira capital, o Estado promulgou os artigos 161º da Constituição do Tocantins e o 2º do Regimento Interno da Casa de Leis (Assembleia Legislativa do Tocantins), que determinam a elevação do município à condição de capital a cada ano, tornando Miracema do Tocantins, 'Capital por um dia' todo dia 7 de dezembro, sediando os Três Poderes Estaduais (Executivo, Legilstivo e Judiciário).
Passadas mais de três décadas que Miracema do Tocantins passou à condição de ex-capital, mais uma vez, a data constitucional foi desrespeita, mais uma vez.
A passividade do brasileiro diante de injustiças e situações que exigiriam uma atitude mais assertiva é um fenômeno profundamente enraizado na sociedade. Um estudo conduzido por Fábio Iglesias, doutor em Psicologia e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), lança luz sobre as causas desse comportamento coletivo, revelando que a maioria das pessoas age baseando-se mais na opinião alheia do que em suas próprias convicções.
Iglesias afirma que o brasileiro tende a se comportar conforme o que percebe ser o pensamento e a ação dos outros ao seu redor. "Se o outro não faz, por que eu vou fazer?", essa é a lógica que predomina entre os "não-reclamantes".
A crença de que "não vai dar em nada" é comum, refletindo uma mistura de vergonha, medo e desconfiança nas autoridades. Esse comportamento se alinha ao conceito de "ignorância pluralística", introduzido pelo psicólogo social Floyd Alport em 1924. Um exemplo típico ocorre em salas de aula, onde, mesmo diante de dúvidas, os alunos hesitam em se manifestar quando o professor pergunta se todos entenderam o conteúdo.
Outro fator importante destacado por Iglesias é a "difusão da responsabilidade". Quando ninguém quer se destacar, a responsabilidade por tomar uma atitude se dilui entre todos, levando à inércia coletiva. Esse fenômeno impede ações assertivas, mesmo quando há prejuízos significativos.
O antropólogo Roberto da Matta contribui com outra perspectiva, ligando a passividade ao famoso "jeitinho brasileiro". Segundo ele, a cultura de pequenas transgressões cotidianas, como subornar um guarda de trânsito, estacionar em vagas para deficientes ou usar o acostamento para fugir do trânsito, faz com que os brasileiros sintam que não têm moral para exigir comportamentos éticos de seus governantes.
"Molhar a mão" do guarda ou furar uma fila são exemplos de comportamentos que enfraquecem a legitimidade para reclamar de corrupções maiores.
Entretanto, nem todos os brasileiros se encaixam nesse padrão de passividade. Aqueles que reclamam, protestam e fazem valer seus direitos são vistos como exceções. Segundo Iglesias, todos os estudos sobre o comportamento do brasileiro convergem para a ideia de que somos, em grande parte, passivos.
O estudo de Fábio Iglesias, complementado pelas análises de Roberto da Matta, oferece uma visão detalhada das raízes culturais e psicológicas da passividade brasileira. Entender esses fatores é crucial para fomentar uma mudança de atitude e incentivar uma postura mais ativa e engajada da população.
Resumindo, o estudo revela que o brasileiro é passivo devido à influência social e à cultura do "jeitinho", preferindo agir conforme a opinião alheia.
A política, diferentemente da matemática, não se pauta por exatidão. Enquanto a ciência dos números segue leis imutáveis, a arte de governar é moldada pelas circunstâncias, pelas relações de poder e, acima de tudo, pelo tempo. A história, neste cenário, age como uma espécie de "borracha política", capaz de apagar ou destacar as ações e os feitos de um governante, conforme a memória coletiva vai se adaptando ao passar dos anos.
Desde Aristóteles, que no século V a.C. escreveu sua obra “Política”, a definição de política tem evoluído, mas sem perder sua essência como a arte ou ciência de governar. Na contemporaneidade, no entanto, a política tornou-se também a arte de negociar, um jogo complexo onde interesses públicos e privados se entrelaçam, muitas vezes distorcendo o que seria uma administração ideal.
Quando uma pessoa é eleita ou nomeada para um cargo público, ela recebe um "quadro negro" metafórico, no qual escreverá sua história através de suas ações. Essas ações, por sua vez, ficam registradas na memória do tempo. Algumas vezes, essas marcas são apagadas pelo próprio tempo ou reinterpretadas conforme mudam os valores e as percepções da sociedade. É a chamada "borracha política", que tanto pode obscurecer realizações importantes quanto ressaltar falhas esquecidas.
A administração pública, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, exige um equilíbrio delicado entre a técnica e a política. Governantes precisam de um primeiro escalão composto por políticos habilidosos, mas igualmente devem cercar-se de técnicos competentes que entendam a complexidade de suas áreas. Essa combinação é essencial para uma gestão eficiente e equilibrada.
No entanto, a prática nos mostra que nem sempre esse equilíbrio é alcançado. Alguns governantes optam por uma gestão rígida nos primeiros anos de mandato para depois relaxar, visando a reeleição ou a manutenção de poder para um aliado. Outros, mais preocupados em assegurar ganhos pessoais, adotam estratégias que podem ir desde a prevaricação até o uso de "laranjas" para acumular bens de forma dissimulada. Há ainda aqueles que, mesmo honestos, falham ao favorecer uns em detrimento de outros, cometendo incoerências que podem manchar seu legado.
Esses são os males da política que o tempo conta. O tempo não apenas revela as verdadeiras intenções e os erros de um governante, mas também pode apagar o que parecia grandioso em um primeiro momento, conforme novas gerações reavaliam o passado. A "borracha política" não é apenas uma metáfora para o esquecimento, mas um lembrete de que a história é escrita e reescrita conforme novas luzes são lançadas sobre o que um dia foi.
Ao final, fica a reflexão: o que permanecerá escrito no quadro negro do tempo sobre os atuais governantes? E até que ponto essa escrita será fiel aos fatos ou uma construção do que a memória coletiva decidir preservar? A resposta está nas mãos do tempo e, talvez, naquelas que seguram o giz da história.
Por José Carlos de Alm
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